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O Voto da Ana

No decorrer do nosso estudo no livro de Gênesis, cheguei a afirmar que Jacó não tenha se convertido na hora da sua grande visão da escada (Gênesis 28).  Um jovem atento me fez duas perguntas relacionados a isso, outro dia.  Achei tão interessante que resolvi colocar aqui.  Segue, então, as suas perguntas e as minhas respostas.

Q1. Em I Sam. 1:11 quando Ana faz um voto com Deus, você não acha que ela fez um espécie de barganha com Deus? 

R. A resposta curta da pergunta é sim.  Ela diz “se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, e lhe deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha.”  Em outras palavras, se Deus fizesse x, ela faria y.

Porem, ao examinar de perto, aparecem algumas diferenças marcantes entre a “barganha” que ela faz, e a de Jacó em Gênesis 28.

1. O Contexto

Lembra-se de que, na ocasião da negociação de Jacó, ele acabara de fujir da casa de seu pai, após cometer uma grande injustiça contra seu irmão.  Neste estado, ele dorme e, de repente recebe–de uma forma bem marcante (a visão da escada)–a promessa incondicional de Deus.  A resposta de Jacó, nesta ocasião, é, resumindo, “vamos ver, né?”

Ana, porem, chega diante de Deus numa posição de humilhação constante devido a uma situação que não era a culpa dela.  Angustiada e desesperada, ela cai chorando diante da única Pessoa que pode resolver a sua situação.  É importante lembrar também que para a mulher judia, ter um filho não significava apenas o prazer de toda mãe em ter filhos.  Significava dar continuação a linhagem de seu marido, e era uma demonstração do favor de Deus (Salmo 127:3-5). Ela estava, então, buscando algum sinal do favor de Deus, coisa que Jacó já tinha antes de fazer a sua “negociação”.

2. A Natureza da “Barganha”

Jacó chega a barganha numa posição de incredulidade.  Ele já recebera a promessa, mas queria de alguma forma garanti-lo.  E então ele chega com sua oferta de adoração e dízimo.  “Tu serás meu Deus se fizeres essas coisas.  E eu darei 10%…e fico com 90%.”

Veja, porem, que Ana se auto-identifica logo como “tua serva” (I Sam. 1:11).  A questão da posição de Deus na sua vida nunca está em jogo.  E mais…o modo em que ela quer “compensar” a Deus pela provisão de um filho  é bem mais radical–ela vai entregar o próprio filho ao Senhor.  É como se ela estivesse dizendo “O Senhor pode ficar com o filho e usá-lo do jeito que Tu queres, basta eu saber que tenho o Teu favor.”  Isto é uma diferença tremenda de atitude, e lembra Tiago 4:3.

3. O Resultado

Interessante também é a trajetória de Jacó e Ana após suas respectivas barganhas.  Embora Deus sendo fiel a Sua promessa, Jacó continuou com suas atitudes lastimáveis–e sofreu as consequências–até aquela noite em que ele teve o encontro pessoal com o Anjo, e chegou ao fim dos seus esforços.

Quanto a Ana, vemos em I Samuel 2:20 que, alem do filho que ela pediu, Deus concedeu a ela mais três filhos e duas filhas.

Q2. Porque você acha que ela consagrou Samuel pela vida toda se o voto de nazireu era só por um tempo determinado.

R. Voltando à resposta da primeira pergunta, vemos na própria narrativa como era grande a angústia da Ana–ao ponto de Eli pensar que ela estava bêbada.  Ela não queria oferecer algo parcial a Deus…Deus ia receber tudo o que dava para ela de volta.

Assim a Ana serve de grande exemplo para nós.  Quantas vezes pedimos algo de Deus, com a intenção de dar uma parte de volta a Ele.  Talvez seriamos muito mais bem sucedidos na oração se penamos antes em como aplicar a bênção pedida de volta ao serviço do Senhor.

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